domingo, 27 de junho de 2010

O Monopólio da Informação


O tipo de linguagem a ser utilizado é fundamental em qualquer meio de comunicação e representa as relações estabelecidas entre mídia e seu público alvo. Analisando a linguagem dos textos em jornais impressos, pode-se perceber a qual grupo social determinada informação é direcionada. Na atualidade, estamos cada vez mais cercados de informações, sejam gigantescos outdoors, sejam simples SMS de celular, tudo chega muito rápido, e se torna ultrapassado também muito rápido. Por isso, a maior necessidade dos meios de comunicação em geral, mas principalmente dos jornais impressos, é manter-se sempre atualizado, pelo menos nas principais notícias e ainda adaptar-se à pouca disponibilidade de tempo dos leitores, construindo textos concisos, breves, que deem conta de informar o leitor, atendendo às suas expectativas.
Nessa perspectiva, analisemos os jornais "O Tempo" e "Hoje em Dia", dois veículos de grande circulação em Minas. Ambos trazem para o leitor uma linguagem bem clara e sucinta. O Tempo apresenta uma diagramação mais moderna, e o "Hoje em Dia", por sua vez, traz as notícias mais completas. Numa determinada notícia abordada pelos dois jornais, percebemos claramente que ambos utilizaram o mesmo release que provavelmente foi obtido em uma agência de notícias, limitando-se a editarem parcialmente o texto original. Leitores mais atentos que lessem os dois jornais em questão facilmente perceberiam que a matéria foi apenas adaptada ao contexto de cada jornal, sendo que não se preocuparam com esta inevitável comparação, negligenciando a impressão das diferentes linguagens características de cada jornal.
Na sessão de política, a notícia, em apreço, trata do encontro entre a candidata do PT à presidência, Dilma Rouseff, com o presidente da França Nicolas Sarkozy.
Leia-se este parágrafo de "O Tempo":
“Sarkozy não se pronunciou ao fim do encontro, limitando-se a posar para fotografias e a abanar para a imprensa. Tampouco o Palácio do Eliseu divulgou nota sobre o teor da reunião”.
Agora, observe-se este parágrafo do "Hoje em Dia":
“Sarkozy não se pronunciou ao fim do encontro, que teve cerca de 25 minutos de duração, limitando-se a posar para fotografias e a abanar para a imprensa.
“Tampouco o Palácio do Eliseu divulgou nota sobre o conteúdo da reunião”.
Pode-se perceber que o trecho tirado do segundo jornal (Hoje em Dia) se diferencia do que foi tirado do primeiro jornal (O Tempo) apenas pelo acréscimo do seguinte dado: “que teve cerca de 25 minutos de duração”, além da divisão do período em mais um parágrafo, o que mostra claramente que a notícia foi adquiria através da mesma fonte.
Isso é errado? A princípio não. O problema é, sob o ponto de vista jornalístico, a provável falta de apuração das informações; não que a matéria esteja de fato errada, mas a negligência na apuração poderia permitir que uma informação equivocada fosse noticiada, caminhando na direção contrária da função da mídia, desinformando o leitor e causando confusão.
Além da não apuração das informações, ocorre uma monopolização das notícias pelas agências, uma vez que os jornais não buscam, cada um à sua maneira, os fatos, impedindo que haja uma variação na linguagem utilizada na apresentação da notícia ou ainda diferenciados focos através dos muitos envolvidos no processo. Dessa forma, os jornais deixam nas mãos das agências o domínio sobre o que será notícia e como a mesma será tratada na matéria.
É necessário que haja, ao menos, a apuração dos fatos noticiados, para que, na edição da matéria, a notícia tenha a linguagem diferenciada de cada imprensa, democratizando as informações e deixando ao leitor diversos olhares a serem interpretados.
                                                            
                                                             Por Diego Meneses e Fernando Oliveira

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